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GIOVANNA BENEDETTI
Nascimento: 2 de setembro de 1949, Cidade do Panamá, Panamá
Livros: Entrada abierta a la mansión cerrada, etc;
Formação: Universidade do Panamá, Universidade Autônoma de Barcelona
TEXTOS EN ESPAÑOL - TEXTOS EM PORTUGUÊS
POESÍA DE PANAMÁ. Edición bilingüe con las versiones ruas de Pável Grushko. Ciudad de Panamá: Universidad de Panamá, 2015. 170 p. 21x27 cm. Cubierta: Pintura de Anna Goncharova “Luna Nueva”. Tapa dura, sobretapa. Tiraje: 1800 ejemplares. Impresso en Colombia pro Prensa Moderna.
Ex./Ej. Bibl. Antonio Miranda
CUARTO DE LOS MILAGROS
No gires la cabeza
un milagro está detrás...
JULES SUPERVIELLE
Un milagro se repite
pontual en este cuarto.
Un milagro sencillo
sin santos ni leyendas.
Montoncitos de lumbre
que corren por el suelo
que dan en caer, sin fin,
del sueño a la existencia.
No es posible escaparse
a su vínculo de efectos.
¡Son como alas que brincan
del interior de los tiempos!
Quien lo ha mirado dice
que se hace mariposa
o que semeja el albatroz
en una curva del cielo.
Parece un relumbro frágil,
quebradizo, discreto
que se ensancha voraz
y que rueda implicado.
Pero hay un fervor undivago
detrás de esa apariencia
como en el charol del ágata
o el marfil de la perla.
Una pasión acaso
disfrazada de brasa
que trae de su interior
la inmensidad del fuego.
Una ilusión que vuelve
desde un pasado abstracto
y renace al rondar
recobrando su estrella.
Y es que un milagro
nunca regressa sin prospecto.
Si retorna se hace tacto
caricia y esperanza.
Esta chispa imposible...
ya se figura en sombra
¡y tiene la redondez
de una gota de agua!
LUGAR DE LAS COSAS EXTRAÑAS
Casas, Celalba mía, he visto extrañas.
LUIS DE GÓNGORA Y ARGOTE
He visto y oído ángeles
que se enraman hasta el cielo.
Raros grimorios he visto
y de sus cosas he sabido.
Sé de niños que se esconden
como topos em la arena.
Y de rosas que se truecann
em espinas de tragedia.
Conozco signos difuntos
que reviven como el fénix;
y he topado com presagios
que se agigantan en olas.
He visto zurcir la noche
y pintar la madrugada...
cosas. Celalba mía,
he visto extrañas.
TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de ANTONIO MIRANDA
QUARTO DOS MILAGRES
Não gires a cabeça
um milagre está detrás...
JULES SUPERVIELLE
Um milagre se repete
pontual neste cuarto.
Um milagre simples
sem santos nem lendas.
Montinhos de lume
que correm pelo chão
que acabam caindo, sem fim,
do sonho à existência.
No é possível escapar-nos
de seu vínculo de efeitos.
São como asas que brincam
desde o interior dos tempos!
Quem já o viu diz
que se faz borboleta
ou que se assemelha com o albatroz
numa curva do céu.
Parece um brilho frágil,
quebradiço, discreto
que se alarga voraz
e que roda implicado.
Mas há um fervor undivago
detrás dessa aparência
como em el charol del ágata
o el marfil de la perla.
Una pasión acaso
disfrazada de brasa
que trae de su interior
la inmensidad del fuego.
Una ilusión que vuelve
desde un pasado abstracto
y renace al rondar
recobrando su estrella.
Y es que un milagro
nunca regressa sin prospecto.
Si retorna se hace tacto
caricia y esperanza.
Esta chispa imposible...
ya se figura en sombra
¡y tiene la redondez
de una gota de agua!
LUGAR DE LAS COSAS EXTRAÑAS
Casas, Celalba mía, he visto extrañas.
LUIS DE GÓNGORA Y ARGOTE
He visto y oído ángeles
que se enraman hasta el cielo.
Raros grimorios he visto
y de sus cosas he sabido.
Sé de niños que se esconden
como topos em la arena.
Y de rosas que se truecann
em espinas de tragedia.
Conozco signos difuntos
que reviven como el fénix;
y he topado com presagios
que se agigantan en olas.
He visto zurcir la noche
y pintar la madrugada...
cosas. Celalba mía,
he visto extrañas.
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Curadoria e tradução de Floriano Martins:
ÁSPERAS CONCORDÂNCIAS
Apuram-me os contornos
de uma cruel correspondência
que lenta e sempre torpe persigo com as minhas letras.
E digo cruel, maldita seja, porque me constrange:
Tanta luminosidade… e eu sem sinais!
O ruído das luzes complica a experiência.
Espessa os matizes coloridos das formas;
e há um sabor que sobe desde o ventre à saliva
e se propaga aproveitando sua máquina alegórica.
Ao final as sereias emergem fatigadas
machucadas pela cólera da água entristecida;
e mergulham judiciosas, como delfins sem lastro,
pelos úberes espirais dos cornos da aurora.
HÁBITOS DE PELE
Se alguma vez
acabo de cair em mim
– e se esta lua que me esgota ainda me sustenta –
deixarei de cavalgar como acrobata fora do tempo
derivando para outro mar com minhas folhas e panelas.
E se esta voz que não se aquieta
mesmo que eu permaneça imóvel,
insiste em oferecer-me em transgressão, sem argumentos,
limparei minhas prateleiras de cobras de duas cabeças e papa-figos
e declararei minha fé na ciência infalível e vice-versa.
A mais à frente, do outro lado
(se ainda me restar fôlego)
continuarei com a lenda de mina teimosa epifania:
errática, condensada, solitária, tortuosa…
astutamente maquiada pela cólera do vento
porque há hábitos de pele que não morrem nunca.
“Dona de uma imaginação portentosa e de profundo sentido linguístico, Giovanna Benedetti é uma profunda conhecedora da grande tradição poética universal, e parte dessa sabedoria para construir uma obra cheia de significados, onde a linguagem se entrelaça com múltiplas imagens, criando uma realidade reconhecível, e ao mesmo tempo uma voz onírica, que mergulha o leitor em uma experiência literária de longo alcance.
Autora única no cenário internacional da poesia em espanhol, Giovana Benedetti recebeu nada menos que seis vezes o Prêmio Nacional de Literatura do Panamá. A sua capacidade criativa é muito vasta e inclui vários géneros literários (contos, ensaios, poesia) e também outras disciplinas artísticas tão sugestivas como a escultura em cerâmica ou a arte gráfica.
Después de los objetos reúne quase toda a poesia de Giovanna Benedetti escrita até à data, incluindo alguns poemas inéditos e outros publicados em revistas ou jornais. É uma ocasião única para mergulhar no sugestivo universo poético da autora, passando pelas primeiras palavras até chegar às últimas.”
RAQUEL LANSEROS in https://revistaacrobata.com.br/
Curadoria e tradução de Floriano Martins
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Página publicada em setembro de 2021
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